Estudantes se preparam para apresentação de canto em coral durante a 14ª edição do Festival Gastronômico de Nova Veneza que será realizado de 7 a 10 de julho. Cinquenta crianças de 6 a 12 anos integram o coral.
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| Entrada de Nova Veneza tem arquitetura italiana |
No coração do centro-oeste brasileiro está Nova Veneza, uma cidade de origem italiana, onde a população preserva sua tradição por meio do cultivo da língua, da arquitetura e de eventos. Na cidade, existem lagos com gôndolas, monumentos com colunas romanas, praças com chafarizes, ruas com estátuas clássicas, carnaval de Veneza e até ensino de italiano na grade curricular das escolas do município.
Nova Veneza, se localiza a 40km de Goiânia, 200km de Brasília e mais de 9 mil km da Itália, é um dos três municípios do Brasil que oferece a jovens e crianças, que cursam do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental aulas gratuitas de italiano. As outras cidades que oferecem italiano na rede pública de ensino são Nova Veneza em Santa Catarina e Cocal do Sul no Paraná.
Na cidade goiana são 580 crianças de 6 a 12 anos beneficiadas com a ação que está em vigor desde o início do ano como retomada da tradição, já que o italiano já havia feito parte do currículo escolar de 2002 a 2011. Além das aulas de italiano, retomadas este ano, as crianças têm desde o ano passado aulas de canto e dança italiana na grade curricular.
De acordo com a Secretária Municipal de Educação, Iolanda Pena, a justificativa para a inclusão da disciplina no currículo escolar é a preservação da história e da cultura do município, que tem origem italiana. Ainda de acordo com a secretária, a disciplina é eletiva, ou seja, faz parte da grade curricular mas os alunos não são obrigados a participar das aulas, mas, mesmo assim, há 100% de adesão.
“As crianças adoram as aulas e entendem que é uma forma de preservar a história dos avôs e bisavôs”, destacou a secretária de ensino ao ressaltar que 60% da população formada por imigrantes italianos.
Este ano, além de poder conversar com avôs e moradores mais antigos na cidade na língua de seus descendentes, os alunos da Escola Municipal Tereza Zanini Peixoto que participam das aulas de italiano, irão participar da 14ª edição do Festival Italiano de Nova Veneza com uma apresentação em canto coral. O grupo formado por 50 pessoas, ensaia desde o início do ano letivo e está bastante ansioso para o evento.
Para a professora de canto italiano Iraíldes Pereira - que é natural de Anápolis e mora em Nova Veneza há 20 anos - é muito importante desenvolver este trabalho com as músicas que remetem a cultura dos imigrantes. De acordo com a professora, a música e a cultura italiana fazem parte da sua vida, desde antes de morar em Nova Veneza.
“Eu amo a música italiana, amo a cultura. Fiz cursos voltados para cultura e a música italiana. Fico muito feliz em saber que a música italiana sendo ensinada para um grupo de descendentes que valorizam a sua origem. É muito prazeroso”, destacou em tom de empolgação. A professora destacou ainda que os resultados estão chegando com rapidez e que as crianças tem muita facilidade com a língua e com as canções que estão sendo ensaiadas.
Este ano foram escolhidas quatro músicas tradicionais e que tem ligação não só com a Itália, mas também com a imigração dos italianos para o Brasil. É o caso da canção “Merica, Merica”, que é uma canção tradicional do folclore italiano. A letra da música, que é 1875 - quando a imigração italiana começou a acontecer para América, conta os sonhos e as expectativas que os imigrantes tinham em relação a nova terra.
O refrão da canção diz em tradução literal as seguintes frases: “ América, América, América. Como será essa América. América, América, América. Um lindo bouquet de flores”. Segundo a professora Iraíldes, essa música emociona alunos e descendentes por recordar os sentimentos e tudo que seus entes queridos passaram quando vieram para o Brasil. “Foi um verdadeiro hino da imigração”, destacou.
Volare, que foi sucesso internacional na voz de Luciano Pavarotti, que foi um dos principais nomes da música italiana, em 1995, também está sendo ensaiada pelas crianças do coral de Nova Veneza. A canção tornou-se a primeira vencedora do Grammy em 1958. Foi a primeira e até hoje a única canção em língua estrangeira a conseguir tal feito. Conseguiu permanecer durante cinco semanas (não consecutivas) no Hot 100 entre agosto e setembro de 1958. Foi o número 1 do Billboard de 1958.
Outra música que será apresentada pelas crianças ao público do Festival Gastronômico de Nova Veneza é O Sole Mio. Esta é uma das mais famosas canções napolitanas, com registro em 1901. Foi gravada pela primeira vez por Giuseppe Anselmi em 1907 e já foi interpretada pelos mais diversos cantores, desde a clássica versão de Luciano Pavarotti até uma versão punk da banda Me First And The Gimme Gimmes. Até Elvis Presley fez uma versão desta música em 1960;
A quarta e última música é Bela Chiao, que tem registo no final do século XIX, e tem sua origem em um canto de trabalho das Mondine, que eram trabalhadoras rurais temporárias, que se deslocavam sazonalmente para as plantações de arroz da planície Padana. Mais tarde, a mesma melodia foi a base para uma canção de protesto contra a Primeira Guerra Mundial. Finalmente, a mesma melodia foi usada para a canção que se tornou um símbolo da Resistência italiana contra o Fascismo durante a Segunda Guerra Mundial. E está sendo bastante recordada por estar na trilha sonora da séria La casa de Papel.
O Festival Gastronômico de Nova Veneza
A 14ª edição do Festival Italiano de Nova Veneza será realizada de 7 a 10 de julho. Serão quatro dias de resgate da cultura italiana, nos quais os visitantes poderão provar pratos típicos - todos produzidos pela comunidade de Nova Veneza - e apreciar a música e dança proveniente da Itália.
A expectativa da organização é de que este ano o evento, que já se enquadra no perfil de grandes festivais, ultrapasse o sucesso da edição anterior. Em 2017, de acordo com a organização, cerca de 100 mil pessoas circularam pelo evento, que gerou mil empregos diretos nos 30 estandes oficiais e movimentou cerca de R$ 2 milhões na economia da cidade.
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