Homens ainda não priorizam saúde


Homens estão sujeitos a sofrer com mais casos de câncer do que as mulheres em 2018. Especialistas alertam que público masculino precisa mudar cultura e dar mais atenção à prevenção


O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) e o Ministério da Saúde (MS) estimam a ocorrência de aproximadamente 583 mil casos novos de câncer no Brasil em 2018. Os homens deverão ser atingidos por mais da metade desse número. A estimativa é de 300.140 casos da doença sejam registrados entre o público masculino. De acordo com o Instituto, exposição a fatores de risco ambientais, como a poluição; risco ocupacionais, aqueles ligados à atividade profissional; e questões genéticas, estão entre as principais causas do câncer.
O instituto também aponta que cerca de um terço dos casos de câncer podem facilmente ser prevenidos. Mas a prevenção desse mal esbarra quase sempre numa questão cultural típica do público masculino, a falta de atenção à saúde. Segundo a pesquisa nacional da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em 2015 pelo Ministério da Saúde, dos 6.141 homens que participaram do levantamento (31%) afirmaram não ter o hábito de ir ao médico e, deste total, 55% avaliaram que não precisam. Esse descuido masculino com a saúde é um dos motivos que fazem com que as mulheres vivam, em média, sete anos a mais. Elas buscam os serviços de saúde muito mais. Para se ter uma ideia, segundo dados do Ministério da Saúde, só em 2017, as brasileiras foram ao médico 80 milhões de vezes a mais do que os brasileiros.
Célio Eustáquio de Moura, presidente do Seconci Goiás - Serviço Social da Indústria da Construção no Estado de Goiás - entidade que presta assistência em saúde para trabalhadores da construção civil, público eminentemente masculino, lembra que o Dia do Homem, comemorado no próximo dia 15 de julho, foi criado com o objetivo de conscientizar eles sobre os cuidados com a saúde.
Resistência
Atuando no setor da construção civil há 37 anos, Célio Eustáquio reconhece que existe ainda uma resistência grande dos homens quando o assunto é visitar o médico. Segundo ele, a cultura masculina de cuidar periodicamente da saúde melhorou, mas ainda é necessário vencer barreiras culturais e pessoais. Para ele, a data deve ser celebrada com ações de conscientização relacionadas à saúde tanto física quanto psicológica do homem.
O clínico geral do Seconci Goiás, Arnoldo Ribeiro Hamú, alerta para a necessidade de uma atenção maior do homem, pois, “muitos só vão ao médico quando sentem alguma coisa que preocupa”. O médico destaca que a prevenção é importante para o diagnóstico precoce de doenças, cujo tratamento no início tem melhores resultados e aumenta as chances de cura. Entre os fatores de risco na vida do homem na atualidade ele alerta para o alcoolismo, tabagismo, má alimentação e falta de atividades físicas.
Dados do Vigitel de 2015, confirmam o que diz o especialista, entre os problemas de saúde que mais acometem o homem estão a obesidade, apontado por 57% dos entrevistados no levantamento, o alcoolismo (25%) e o tabagismo (13%).
Check-up
“É necessário ter uma vida mais saudável considerando a alimentação, a prática de atividade física e a realização de check-up anualmente”, orientou o médico. Segundo ele, por meio da consulta com o médico é possível identificar o histórico familiar de algumas doenças como hipertensão, diabetes, colesterol alto e outras. Ele também lembra que após os 40 anos o homem deve fazer o exame para prevenir o câncer de próstata, o mais frequente entre os homens.
Segundo Arnoldo Hamú, o câncer de pulmão também é um dos mais incidentes entre o público masculino, tendo no uso do cigarro uma das principais causas. O consumo de álcool também é um dos vilões da saúde, segundo o médico, pois agride muito o fígado, podendo causar cirrose, deficiências no fígado, esteatose hepática e alterações gástricas; além da dislipidemia familiar (níveis elevados de colesterol, triglicérides), outro fator que também provoca agressão ao fígado.
Projetos
Tendo os homens como seu público principal, o Seconci Goiás mantém várias ações e projetos que buscam, além da assistência à saúde ocupacional, a prevenção de doenças e promoção da saúde masculina como um todo. Muitas dessas iniciativas da entidade têm como foco justamente os males que mais acometem os homens no Brasil: o excesso de peso, alcoolismo e tabagismo.
Ação Construindo Saúde: disponibiliza o serviço de saúde com foco na detecção de doenças silenciosas, como: hipertensão arterial, diabetes, colesterol, desnutrição, sobrepeso e obesidade, por meio da realização de testes rápidos com os colaboradores da sede administrativa e dos canteiros de obras das empresas associadas ao Seconci Goiás.
Combate ao Tabagismo na Construção: é o mais antigo projeto do Seconci Goiás. Nele são desenvolvidas ações que buscam promover melhora na qualidade de vida, auxiliando o trabalhador a abandonar o vício. Para isso é realizada uma triagem por meio do encaminhamento dos interessados para consulta com cardiologista e para psicoterapia, que pode ser feita de forma individual ou em grupo. Quando uma mesma empresa tem mais de cinco colaboradores interessados em parar de fumar, o projeto é realizado dentro do canteiro da obra. Quando os grupos são formados por trabalhadores de empresas e obras diversas e seus familiares, o atendimento é feito na sede do Seconci. Além disso, a entidade realiza palestras educativas de prevenção ao consumo do álcool e do cigarro nos canteiros de obras, de acordo com as atividades previstas pelo PCMSO (Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional) do Seconci Goiás.
Cardiologia - A especialidade de cardiologia é uma das mais procuradas junto ao Seconci Goiás, diante disso a entidade inaugurou, no início de 2016, em sua sede no Jardim América, em Goiânia, o Centro de Diagnóstico em Cardiologia, possibilitando a realização de exames como o teste ergométrico, m.a.p.a, holter, eletrocardiograma, ecocardiograma, doppler das carótidas e ultrassonografia, além de contar com o cardiologista para a prevenção e tratamento das doenças do coração, considerando seus fatores de risco: colesterol alto, diabetes, hipertensão, sedentarismo, consumo de cigarro e obesidade.

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